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POLÍTICA PARANGOLÉ

Atualizado: 30 de jan. de 2022

O ponto de partida de um novo país é exatamente o que somos, nossa essência e identidade. Meu projeto é alcançar um Brasil simples, humano e sustentável


POR ALÊ YOUSSEF - 13.01.2018 - TRIP #261



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Um dos melhores textos deste apocalítico 2016 foi escrito pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares. A reflexão destaca como ponto de inflexão mais marcante de nossa história cultural o artista Hélio Oiticica, descendente da antropofagia de Oswald de Andrade e precursor do tropicalismo de Caetano e Gil. Luiz aponta o parangolé como melhor síntese do processo inovador na cultura e no comportamento, na estética e na esfera pública da obra de Hélio.


Para Luiz, a obra e o que ela representa estimulam um diálogo plural e criativo, além de inspiração para experimentar novos tipos de relação horizontal e igualitária entre grupos sociais, tradições e indivíduos. O parangolé é uma obra feita para vestir que se desloca no corpo do espectador ou do performer. Essa capa é algo inacabado e sempre disforme e desequilibrado em relação ao corpo. Da incompletude, surgem os espaços vazios a serem preenchidos, o que gera a necessidade de movimento. O parangolé seria, então, um convite à dança.


Meu projeto de país é alcançar um Brasil simples, humano e sustentável. Simples – no que diz respeito à sua organização interna, suas regras de funcionamento, sua compreensão de riqueza e bem-estar. Humano – que preze pela defesa dos direitos da pessoa e de suas liberdades, e busque a igualdade em todos os campos. E sustentável – que respeite o meio ambiente e desenvolva seus ciclos econômicos de acordo com seus limites e potencialidades.


A “política parangolé” proposta pelo antropólogo é a cara do Brasil e talvez a melhor forma para atingirmos nosso objetivo, com jogo de cintura e participação. O ponto de partida de um novo projeto de país é exatamente o que somos, nossa essência e identidade. A diversidade e a criatividade dos brasileiros são os capitais simbólicos de uma nação que pode enfrentar seus dilemas levando em conta nossa cultura. O Brasil só se transformará quando se assumir tropicalista.

 
 
 

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